sábado, 29 de janeiro de 2011

Meu vizinho morreu

Infarto, pobre infeliz. A morte ceifou ao lado da minha casa, e incrivelmente me senti um pouco mais vivo.

Eu nem falava com ele, mal olhava na cara do sujeito, de fato; Ele para mim era nada mais nada menos do que uma pessoa que eu nem dava um bom dia... E ele também não ia muito com a minha cara, mas morrer daquele jeito deve ter sido horrível. O cara não fumava, nem bebia, pelo contrário; jogava bola, e tinha só 16 anos. Fiquei sabendo do acontecido quando vinha da casa de um amigo meu... Vi inúmeros conhecidos de vista no ônibus, e todos olhavam pra mim. Só então quando cheguei em casa é que fui saber que o garoto tinha ido pro além. As pessoas devem ter me olhado e ter pensado: "porque ele não foi ao enterro?" Oras, eu nem falava com o rapaz, pelo amor de Deus! Posso ser muitas coisas, mas hipócrita não é uma delas. Não falava, e, portanto, não fui. É justo.
Mas esse fato me fez pensar mais sobre a vida, e sobre o quanto ela pode ser passageira, e terminar abruptamente como um filme partido.
As ultimas palavras do garoto (segundo dizem) foram: "Pai, eu tô morrendo. Diz a Raiane que ela é o amor da minha vida"
Creio que ele nunca deve ter dito isto pra ela em vida e na hora da partida, aos 46 minutos do segundo tempo ele resolveu dizer... Ou já tinha dito antes, não sei, o fato é que foram as ultimas palavras que a boca dele disse antes de partir rumo ao desconhecido; a barreira que separa o fim do começo, ou vice-versa.
Quando soube do fato, das ultimas palavras dele, isso mexeu comigo. Não sei, mas por algum motivo aconteceu. E por um momento, eu me pus no lugar dele, do Lucas (que Deus o tenha); e cheguei à conclusão de que eu faria algo como isso, ou parecido, bem parecido, aliás. A menina ficou arrasada e danou-se a chorar, o irmão que não falava com ele por causa de fofocas e conflitos alheios, sentiu-se arrependido pelo irmão ter morrido sem falar com ele.
E teve toda uma absolvição com as coisas que ele podia ter feito de errado ou não. O rapaz virou praticamente um santo numa fração de tempo que até me assustou.
Segundo já ouvi dizer: "Deus prefere os suicidas". Deus não prefere os suicidas, mas tem um amor especial por todos aqueles que morrem de repente.
E junto com a morte daquele garoto, creio que foi um pouco de todos aqueles que gostavam dele.
Pensei nisso ontem, e vi que as nossas passagens por aqui são um tanto quanto rápidas, tanto que a maioria das pessoas não tem tempo de realizar metade dos projetos a que se dispõe a fazer.
Que sonhos ele devia ter?
Ser um grande jogador, ser soldado, ou simplesmente ser ele mesmo, e ao invés disto... Morreu. Infarto aos dezesseis anos.
Quais seriam as minhas ultimas palavras?
O que diriam a mim?
...É algo que não sei. Mas que um dia eu irei descobrir .

Marcos "Tinguah" Vinícius

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Carta de amor

Querida, espero que me perdoe por isso, por essas letras esmiuçadas nesta folha em branco, mas cada delas dirá o que meu peito há muito abafa, ou tenta ainda que heroicamente esconder.

Apesar de toda a distância, e o tempo que nos corroeu – por assim dizer- eu não consigo pensar em nada, nada que não seja você na minha vida. Acredite que até a minha cabeça não consegue pensar em nada para escrever, nada corriqueiro que não seja para você. Lembro de você ainda hoje, agora. Você, na sua forma única, como um presente, uma das visões mais lindas que já tive na vida, vindo pela praça de encontro aos meus braços e me sinto um menino lembrando dessas coisas e começo a rir do nada pensando em você. Sei que você mudou, sim. Até porque, eu não sou mais aquele garoto que outrora você conheceu... Quer dizer, na essência, sim; mas na prática, às vezes esse "menino" se esconde. Só você é capaz de enxergar por entre os meus olhos e sua voz me acalma mesmo na pior das crises...

Seu riso é esplêndido, sim.

Uma das coisas que me lembra você, quero dizer, quando me lembro de você, é teu riso. Ainda acho que você devia sorrir mais – não como uma 'aspirante' a Ana Maria Braga- mas, sorrir... Enfim, você entendeu. Às vezes eu fico que nem uma besta no telefone falando contigo, altas e inúmeras baboseiras só pra ouvir teu riso pelo barulho metálico do telefone, é como um voyeur auditivo, ou algo assim. Fico colado e embasbacado no fone só pra ouvir cada detalhe da sua voz, cada variação de tom, cada suspiro teu. Loucura? Não. Acho que amor seria mais exato. Imagino você rindo na minha frente e você se materializa na cabeça deste pobre desgraçado destinado a te amar. Mas vamos ao resto do texto, ok?

Você é linda e não importa a circunstância, não importa a forma. E o que sinto por ti, é independente disso. Logo então te amarei tanto quanto com um vestido preto e um salto agulha, ou com uma camisa, um jeans surrado e de havaianas no pé. O fato é que isso pra mim faz pouca diferença, melhor dizendo, diferença alguma. Até porque se for reparar no que eu sinto por ti, isso, os detalhes menos importantes passam despercebidos, entende? E no momento, o que eu quero saber é de você.

Eu não posso negar e deixar pra lá, mas eu penso no pouco tempo que a gente ficou junto. É, foi pouco, bem pouco mesmo; mas saiba que "aquilo" me marcou de tal forma, que ainda sinto "aquilo" voltar como um turbilhão pra mim, e sei que você tampouco esqueceu o pouco que a gente ficou junto. Quero que você seja feliz minha linda, claro. E quero ser feliz também, só que do seu lado. Assim de quebra eu fico feliz, você fica feliz e todo mundo fica legal, não seria bom? Mas, apesar de tudo eu tenho certo receio disso, pelo menos por agora, acho que seria o caso de fazermos um segundo reconhecimento para ver se alguma coisa surge daí. Quero que saiba que o "evento" não foi marcado com segundas intenções, saiba. Foi apenas pra te ver, porque acredite, ou não, eu quase morro de saudades suas aqui, quero te ver, quero ver teu rosto sentir a tua presença em corpo, pois em alma, creio que nunca perdi.

Encerro aqui por falta de assunto.


 

Beijos


 

Marcos "Tinguah" Vinícius

O desgosto

Sim, "O desgosto".

Às vezes eu me sinto tão habituado a ele, que quando dou por mim, ele já está do meu lado, tragando seu marlboro com um prazer semi-pornográfico; como os suicidas sentados no alto da ponte a olhar os transeuntes, lá fica ele a espreita, sabe?

A cara dele, eu não sei, juro. Mas... O fato é que eu vejo ele sempre que consigo alguma coisa que sempre quis muito.

É como se as minhas conquistas de nada valessem, e ultimamente eu não tenho tido tantas às quais possa me vangloriar. Os péssimos resultados no SiSU (Sistema Impossível de Ser Utilizado) ou (Sistema de Seleção Unificada) do MEC acabou de jogar um balde de água fria em minhas expectativas de ir pra faculdade logo após sair do Ensino Médio. Senhores, eu não tinha nota nem para ser secretária de meio expediente de repartição pública, e tudo isso graças aos dois dias de prorrogação no sistema que já falei ali em cima. Nessa hora, eu me revoltei, sim. Eu olhei para o alto e descontei a minha raiva toda aos céus, blasfemando toda uma série de palavras inenarráveis.

E naquele momento, e não somente naquele momento, eu me senti um lixo, um incompetente, um incapaz... Como queiram chamar, fica a seu critério.

E isso acabou por tirar o meu resto de segurança que tinha a muito custo obtido. Como se abrissem uma torneira no meu ser e a auto-confiança e o resto das coisas que servem para te reerguer tivessem ido para o ralo. E é uma merda quando você vê todo mundo andando, e correndo as vezes e você parado. Se sentir parado é uma coisa que realmente eu detesto; parece que isso acontece a todo momento, principalmente comigo. Me pergunto o que se passa, que tipo de complô é este, o que eu fiz a alguém, e as respostas não chegam, é como se eu falasse frente ao espelho e só ouvisse a minha voz, e visse a minha boca se mexendo, sem qualquer tipo de resposta satisfatória.

Me sinto vazio.

Como se eu não fosse capaz de nada, de lutar por nada, de ter nada. E a cada dia que passa isso vai se agravando, como uma bola de neve que vai rolando montanha abaixo. Isso promete coisas desagradáveis e eu temo por esses resultados, por esse final. Ando tão desestimulado... Bem, há um remédio pra isso melhorar, mas é claro que não falarei aqui, acabarei citando pessoas e fatos, logo então irei me calar. Eu penso no passado, no presente e no fim, até porque, penso que alguém como eu, não têm futuro algum. Não consigo ver isso. Não consigo ver o meu futuro, não me vejo com uma casa, com uma família, um trabalho... Eu paro e penso no futuro, e só vejo tudo escuro, como se alguém tivesse apagado as luzes da minha cabeça, sei lá. Cheguei a uma situação tão gritante que nem a minha imaginação funciona direito.

E assim vou seguindo... Vivendo, morrendo algumas vezes e me balançando na corda bamba da vida sem cair pra lado algum.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Monólogo pt.1

Brindemos atodas as coisas que deram errado, aos fracassos e a solidão.
Aos risos e aos choros que foram em vão.
A tudo a que dissemos "não"
Creio que a linha que separa o sucesso do fracasso, é uma linha tênue, que se abala com a menor das brisas, como folhas ao vento.
As vezes em uma destas paradas para higiene mental, ou "auto-avaliação", eu notei que o azar faz parte de mim.
Sim, o azar.
As quatro letras que assustam até o mais fiel dos cristãos. E que faz tanta parte de mim, que é impossível retraí-lo ou fingir que não existe. O fato é que como alguém que não tem uma mão, eu aprendi a conviver com ele.
Seja no amor, no jogo, lá está este bandido a rir da minha cara quando eu jogo os dados, ou quando estou prestes a a ter umas 70% de chances de sucesso em alguma ação (-ou com alguma garota-), simplesmente as chances vão a trinta ou a vinte, logo, nada feito.
Hoje, pensei em coisas que havia muito não pensava, e pela primeira vez em muito tempo tive medo de ficar só, como um garoto que se enrrola no cobertor com medo do escuro. Tive medo da solidão e de não encontrar um bem querer, ou talvez alguem que me queira bem.
Falando sobre os medos - este é um dos meus- eu tenho medo de me mostrar por completo, de uma só vez e acabar por assustar quem está do meu lado. (Como já ocorreu algumas vezes).
Eu posso ser capaz de ser turbulento como um mar revolto, ou calmo como as aguas de uma lagoa -e na maioria, se não, sempre é a ultima opção. Porém, quando sou calmo, tranquilo e cheio de amores, a realidade mundana acaba por me esfacelar, me cortar ao meio.
Tudo depende da forma com que reagem a mim. Se o tratamento for bom, espere o meu melhor. se for o oposto, afaste-se, e nem passe na minha frente.
Mas o fato é que eu sou de extrema sensibilidade. Sim, sensivel, porém... Eu prefiro esconder isso, ponho a minha máscara da indiferença e finjo que nem é comigo, e por mais que me doa o peito de forma que eu quase não consiga engolir as lágrimas, eu me retiro, simplesmente saio.
Prefiro passar como insensível do que como emotivo. Poucas, pouquissimas pessoas conhecem este lado meu, e se você for uma delas, considadere-se altamente privilegiada.
Timido? Sim, e muito!
Embora quase ninguém acredite nisso, eu sou timido, e só consigo socializar, ou conversar com alguem pela primeira vez apenas em ocasiões extraordinárias. Isso tambem influi no meu ser de poucas palavras. Consigo ser extremamente observador, e comento apenas o necessário, exceto com meus convivas, meus amigos; ou melhor, aqueles que conhecem as duas faces da minha moeda.
Romantico incurável, sim.
Porque não o ser?
As vezes os pequenos gestos; seja um bilhetinho, uma carta, ou uma simples flor, quer dizer bastante coisa.
Para mim, sim.
Embora, na maioria das vezes não seja reciproco, o que é frustrante. Não que eu faça coisas para receber em troca, mas receber algo de volta, para mim e´como um reconhecimento de que a pessoa sente o mesmo que você, entende?
Seja um beijo, sejam lágrimas de felicidade... Nem precisa ser material. Ou quem saber um "eu te amo" dito ao "pé-do-ouvido" enquanto estivessemos deitados lado-a-lado.
Não sou padrão e nem constante. pelo contrário, detesto tudo isso. O que mais me deixa aborrecido é o fato das pessoas "tentarem" fazer umas definição minha. Apesar do esforço louvável - que reconheço - é algo detestável. E sempre que eu souber de algo do tipo, eu farei diferente, só pela graça de superar expectativas. Irônico, sarcástico e dono de uma sinceridade inapropriada na maioria das vezes.
O que eu penso do amor?
É uma pergunta dificil, muito complicada aliás, uma vez visto que como estou sozinho é difícil de se dizer/ ou escrever. Mas baseado em experiências que tive, eu posso dizer que o amor é uma das coisas mais bonitas que já senti. Ele te faz ver o mundo de outro jeito, de uma forma que até o feio, o grotesco e o bizarro tornam-se belos em sua visão. Sinto que, mesmo só, o amor me move, e eu vivo em função dele. Estou fazendo uma caminhadapor minha conta em risco, correndo atrás do que amo, do que quero, e mais do que nunca eu sinto que o amor está presente em mim. seja por alguma coisa, por alguma causa, ou por alguém. So quem sabe sou eu, e não farei declarações por aqui... Quando não haver mais o seu sopro em meus pulmões, eu me faço um favor e meto uma bala na cabeça e tudo vai pelos ares. Mas eu amo, e o amor é algo bonito e uma boa sensação - se é que o amor seja isso ...

- Pode parecer louco, mas é sincero

É só.

Marcos "Tinguah" Vinícius

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um jeito estúpido de te amar (Fauzi Arap)

"Eu vou te contar, que você não me conhece.
E eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você ...
Ao fim de tudo você permanece comigo, mais preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa...
Você não tem um nome , eu tenho...
Você é um rosto na multidão , e eu sou o centro das atenções ,
Mas a mentira da aparência do que eu sou, é a mentira da aparência do que você é.
Por que eu , eu não sou o meu nome, e você não é ninguém...
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca a chegar ao limite possível da aproximação. Através da aceitação, da distância, e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa ...
Eu quero que você me veja nua , eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada , te denuncia, e te espelha...
Eu me delato, tu me relatas...
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste ."

- Lindíssimo, lindíssimo!