quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Meu Mundo

Reescrevendo ou parafraseando o célebre Renato Russo: "Eu prefiro acreditar no mundo do meu jeito”. Um mundo onde todos fossem unidos, onde todas as pessoas pudessem viver em completa harmonia uns com os outros, um Mundo onde todos fossem aceitos sem distinção, um lugar onde ninguém se importasse com o idioma que você fala, ou com o nome que você dá a Deus. Um lugar onde o perigo e o prazer andam de mãos dadas, onde o medo e a dor não existem, onde relógios e calendários são expressamente proibidos. Há quem diga que esse mundo não é real, ou que é fruto da imaginação de um louco, porém, quem faz o mundo somos nós, e se quisermos alguma mudança, devemos começar por nós mesmos.

Se tentarmos ao menos uma vez mudar o nosso pensamento em ganância, ambição, ódio e pararmos para pensar no que nos trouxe até aqui, creio que amaríamos, mas ao nosso próximo, e conseqüentemente, nossa vida seria bem melhor. O que importa se ele tem uma cor diferente da sua, o que importa se ela gosta de alguém do mesmo sexo que o dela, e para continuar: O que importa se ele ou ela veneram um Deus diferente do seu? Parando para pensar, concluo que a diferença não está na cor de um, na opção do outro, nas crenças dele ou dela, a diferença está em nós. Se alguém, ou alguma pessoa tem algo de diferente, ou alguma idéia diferente das suas, ou nossas, é passível de rejeição imediata sem qualquer chance ou argumento a acrescentar. O Mal da Humanidade é o Egocentrismo, e para ser sincero esse será o nosso fim. Mediocridade, Egocentrismo, Egoísmo, Valores Ultrapassados tudo isso aponta para o nosso declínio, e ao contrário do que dizem, o mal do século não foi a tuberculose, não foi a AIDS, e nem as guerras, - que diga-se, nós mesmos as fizemos - , mas sim ,o próprio ser humano.

Nos destruímos tanto que já passou até para os limites da normalidade. Um homem mata o outro só porque esse pisou no seu pé, guerras são feitas por petróleo, homens se explodem por um ideal*, (*Leia-se: Manipulação) e o que nós estamos fazendo? Aumentamos nossos muros, botamos cercas elétricas nas nossas casas, porteiro eletrônico e assistimos a guerra do Iraque na TV. Engolimos a dose de "jornalismo" que nos é passada através da televisão aberta com a nossa cerveja, e fingimos que está tudo bem. Crise do Petróleo?, Dinheiro de Propina do DEM?, 44° dia de chuva em São Paulo? 37 Mortes? Alguém pode me explicar o que é isso? Eu Explico, esse é o exemplo clássico do Imbecil bem informado. Aí, depois da dose de "Jornalismo" vem à dose de novela, para dar uma amenizada nas tragédias que o anterior mostrou, e o que mais me revolta é que é assim, sempre foi assim, e assim sempre será. Mas eu não quero mais falar sobre isso, vou voltar para o meu mundo, e viver a minha vida do jeito que bem entender, e para os que ficam,

Boa Sorte.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Era uma vez

Um homem que nada temia, que a tudo desbravava todos os dias
Certa vez ele tropeçou e caiu, achou que tudo estava perdido
Porém,quando ele menos esperava , alguem lhe estendeu a mão.
Cuidou de seu joelho ralado
E o ensinou a caminhar com mais cautela, a prestar mais atenção por onde andava...
Quando menos esperava, esse alguem lhe deixou, à mingua.
E ele enfim teve de aprender a caminhar sozinho e a fazer as suas escolhas.
Desde sempre, esse Homem tinha algo em sua cabeça, uma meta.
E ela se chamava Felicidade... Algo que muitos procuram até hoje sem saber o que significa
O Homem, que sonhava , e perseguia aquilo em que acreditava, entregou seu corpo, e vendeu a sua alma a seus sonhos ...
Sua apoteose foi tremenda, seus olhos entraram em chamas, e ele passou a ver as coisas com mais clareza
Teve a certeza de que na vida, nada é pra sempre... E que importante mesmo são os momentos que se vive.
Que todas as escolhas que fazemos, anulam outras por consequencia
E também que boas oportunidades, só surgem uma vez .
Ele descobrira a Felicidade, enfim descobrira
Estava ela num pôr de sol
Numa gota d'agua
No abrir os olhos, no ar que infla os pulmões.
Depois que descobriu a felicidade, ele prossegiu com seu caminho...
Olhou tudo com mais paixão do que de costume, e viu que cada momento é unico
Aproveitou o sol a lhe queimar a pele, o vento a lhe emaranhar os cabelos, a agua que lhe banhava
Sorria a cada por de sol, e agradecia a todo momento por estar vivo e poder contemplar a tudo aquilo que o cercava
No seu caminho, ele reparou em uma linda mulher que estava a também lhe olhar, então ele foi até ela.
Seu sorriso era único, e ela se mostrou totalmente diferente de tudo que ele encontrara até então.
E o que fez ?
Seguiu seu caminho com ela do lado.
Reza a lenda que eles ainda andam juntos, todas as noites de luar, e se beijam toda a vez que o sol nasce para depois sumir na relva ...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Paraquedista


Eis que do céu azul-anil, surge uma silhueta com velame aberto.
O ronco dos motores do avião é quase que ensurdecedor, e mesmo assim, ele se prepara para mais um salto.
Seja ele em solo inimigo, em missões de treinamento, a adrenalina a pulsar nas veias do guerreiro alado é quase que indescritível aos olhos e sentimentos de um mero civil, como eu.
Sim, ele é um pára-quedista.
O Seu Brevê no peito, sua boina Grená, e seu Butt marrom o denunciam a milhas de distância... A missão que é dada é cumprida, e nada é impossível para um Pára-quedista.
O ser vindo diretos dos céus, que entra planando em uma terra que até o diabo esqueceu.
Em combate, mostra seu valor e sua audácia perante os companheiros de farda, quase sempre superando aquilo que lhe foi ordenado, superando expectativas.
O equipamento já foi verificado, e por varias vezes o MS (Mestre de Salto), olha para fora da Aeronave, procurando a tão esperada " Letra Código" inúmeras vezes olha nos olhos do primeiro homem a porta, e em fração de segundos...
A luz que era vermelha, fica verde.
E a adrenalina aumenta de uma forma que o corpo não consegue fazer algo diferente de se lançar, e então o MS dá o já sua mão vai em direção o
em direção o rosto do primeiro homem a porta, ele respira fundo e se lança...
No momento, vento, barulho e depois ... O silêncio do espaço
Em minutos ao fazer o "Giro do Horizonte" percebe-se a tão grande criação de Deus
Ao se observar a imensidão do Universo.

E ele se lança rumo ao desconhecido, com o vento a lhe percorrer o corpo, um pouco de paz em meio ao inferno que o espera ao aterrar.
Por fim, posso dizer que o Pára-quedista não é um homem comum...
O Pára-quedista é um Homem, tomado pelo Demônio e abençoado por Deus.



- Homenagem ao Meu Primo,Junior, ou: Sd. Silva Junior da 1ª Compania de Engenharia de Combate Paraquedista, Pelotão de Engenharia de Apoio

Reverencia ao Destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demostrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer ” oi " ou ” como vai ? "
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo, como uma corrente elétrica, quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que se deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que somente uma vai te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os Três Mal-Amados (João Cabral de Melo Neto)

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro,

o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia.

Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.